A fala de Jerônimo Rodrigues foi, do início ao fim, uma defesa. Uma tentativa de proteger o povo baiano — e o povo brasileiro — de reviver um tempo que tanto machucou. Ele não convocou violência. Ele pediu o fim simbólico de uma cultura de ódio que feriu as relações, destruiu pontes e instituiu o medo como política pública. Usou, como é comum no seu povo, uma metáfora forte. Porque quando a dor é forte, a fala também é.
Os que o atacam não estão indignados com a frase. Estão indignados com o fato de que Jerônimo está vencendo, está governando com dignidade, está construindo uma política onde o afeto também é ferramenta. E isso os desespera. Porque o poder, para eles, deve vir do grito, da força, do capital. Jerônimo mostra que pode vir da escuta, da memória, do vínculo.
Não há crime em sua fala. Há gesto. Gesto de libertação. Gesto de ruptura. Gesto de não mais tolerar o intolerável. E isso é profundamente político. Profundamente humano. Profundamente cristão. O que ele quer enterrar não são pessoas. São políticas que matam.
E se isso ofende, é porque doeu no lugar certo.
